segunda-feira, 31 de março de 2008

A Pessoa Perfeita - Parte 3 - O Altruísmo

Fui ver ao dicionário:
disposição para se interessar e dedicar ao próximo; amor ao próximo; abnegação; filantropia.
O altruísmo está directamente ligado, portanto, às partes 1 e 2 deste "projecto" (como já devem ter reparado, as qualidades/características estão ordenadas por uma ordem de importância que é, claro está, pessoal e subjectiva), pelo que estas estarão entre si interligadas.
O altruísmo só pode e deve ser explicado através de exemplos, e o mais próximo de mim e simples de entender é este:
A minha mãe trabalha perto de casa, e durante a semana muito raramente tem necessidade de andar mais de 20 km seguidos de automóvel. Como tal, as suas refeições, quer preparadas por ela ou pela minha avó, são sempre feitas e comidas em casa.
O meu pai faz recorrentemente 300 ou 400 quilómetros por dia; toda a semana almoça fora e janta tarde em casa, e quase sempre o faz sozinho em ambas as ocasiões. Não raramente come mal e à pressa.
Ao fim-de-semana, a mãe quer sair, comer fora, viajar, o pai quer ronha, quer comida caseirinha, não quer restaurantes para estar à espera da comida. Se ha dias em que agradamos a um, noutros temos obrigatoriamente que fazer a vontade a outro: no equilíbrio entre aquilo que um e outro abdicam está a chave do relacionamento sólido de muitos anos.
Mas a chave do altruísmo está, não só numa questão de pensar na outra pessoa, no que ela gosta, no que ela precisa, do que podemos fazer por ela; se não nos sentíssemos bem a pensar na outra pessoa primeiro, e só depois em nós, ninguém seria altruísta!
Altruísmo e egoísmo vivem em par, questão que já discuti eternamente com amigos: talvez uma parte do altruísmo e tudo o que ele envolve esteja associada à sensação de dever cumprido, de tarefa realizada, de entrega, de consciência tranquila que nos envolve quando sentimos que fizemos aquilo que achamos de facto melhor para alguém ou por alguém. Talvez ajudemos e sejamos solidários não só para ver alguém melhor mas para nos sentirmos melhores connosco mesmo, e sentirmos que podemos fazer uma diferença.
Faz parte de mim pensar que as pessoas mais altruístas são, não as mais egoístas, mas as que melhor vivem consigo, por melhor viver com os outros: é que a certa altura, caso olhemos apenas para o nosso umbigo, a pessoa torna-se refém dela própria.

Ou nunca viram nos olhos de um velho os fantasmas do passado, e nos de outro a realização material de um sonho - que foi, e é, a vida?

SOU EU!!!

Eleito Burgesso-mor do Brasil

sexta-feira, 28 de março de 2008

O Génio da Bola

Unbelievable

Também já consegui, mas não sai sempre :P


A Pessoa Perfeita - Parte 2 - O Sacrifício

Por sacrifício entendo esforço continuado, e portanto também cá está a paciência e a perseverança, entendo sempre como um abdicar de um desejo pessoal ou de uma vontade por algo.
Aplicando algo que aprendi como um conceito económico mas que pode perfeitamente adequar-se à vida, o de custo de oportunidade, sei explicar-vos que esse custo se reporta exactamente ao que perdemos por agir de determinada maneira, em detrimento de outra.
Duma maneira simples, se por exemplo temos hipótese de estudar uma matéria que vale 2 valores no exame ou podemos ir ao cinema com os amigos em vez disso, se formos ao cinema o custo de oportunidade vai ser o de tirar 2 valores a menos, e se estudarmos o custo vai ser o de perdermos um filme, boas conversas e bons momentos.
E se o primeiro é fácil de quantificar, já o segundo - por ser um sentimento, uma retribuição não-monetária nem tangível - é impossível. Quantos valores num exame vale o nosso bem-estar, as nossas amizades e o nosso equilíbrio?
Se na racionalidade económica se opta sempre pelo menor custo de oportunidade, sendo que por isso mesmo se maximiza o emprego dos recursos - neste caso, o tempo - nas relações é mais complicado de gerir até que ponto vale a pena abdicar.
Quantos mal-entendidos, quantos equívocos, quantas oportunidades, quantas reclamações, quanto de quê e como será preciso para que valha mais desistir duma pessoa - e, volto a frisar, não precisa de ser a namorada, pode ser um filho, por exemplo [ler Parte 1] - do que continuar com ela?
Quanto conseguimos nós aguentar ver o que há de positivo nas pessoas e nas relações com elas, ao invés de só nos lembrarmos do que é (ou foi) mau?
Quando é que o custo de oportunidade de deixar a pessoa sozinha é menor do que o de aturá-la, a ela, ao seu feitio sempre difícil, mas também às alegrias, aos mimos, aos momentos bons, àquelas alturas em que voamos de amor ou de orgulho ou de alegria ou de vitórias?

As pessoas que se sacrificam acabam por sofrer mais do que as outras, acabam por tudo ter em dobro: o bom, e o mau. E se ter o dobro em bom as faz mais felizes, ter o dobro em mau fá-las crescer, maturar-se, fá-las ganhar cicatrizes que as relembram do que tentaram.
E nem por isso essas benditas pessoas, que acabam por ganhar forças sabe-se lá de onde, por aturar infernos, doenças, anos, recuperações, acidentes, traições ou azares brutais, perdem, por se sacrificar por quem merece, a vontade de o continuar a fazer.

E ainda bem.

quinta-feira, 27 de março de 2008

O Post 69

Homenagem seja feita a este "curioso número".
E à posição sexual também já agora, que é muito gira.

Dizem... mãe, que eu pessoalmente nem sou dessas coisas.
Ouvi dizer... coiso. Contaram-me, vá.
Foi... um amigo. Também não te vou dizer quem é, mãe.
É que quando o meu irmão me pede um segredo eu guardo-o.

Eu não sou desses que conta tudo a toda a gente.
Não senhor.

Só por ser o 69 vai um pouco de sã loucura, agora:
10 MINUTOS À BENFICA, CARALHO!,
QUEM TE DESSE CABO DOS ENTREFOLHOS É QUE TE FAZIA UM FAVOR
ERA ATÉ ACHAR PETRÓIL
TRAGAM O PÃO, QUE AS FEBRAS JÁ CHEGARAM
AH RAMEIRA, BENFICA CARALHO!

peço desculpa =P

Famel Zundapp 7 e meio

Centro Comercial Foz Plaza, Figueira da Foz, durante a semana de Páscoa, com os pais e o irmão.
Afastam-se eles para verem roupas a mãe, relógios o pai, o mano e eu a ver a Nintendo Wii
(isto de se fazer exercicio já não é o que era, o que dava todo um outro post)
depois bicicletas e quê, que eram caras, que tínhamos de arranjar as nossas - entretanto já estão - num daqueles entreténs
(escrever-se-à isto assim?)
de quem gosta de ronha e saiu de casa só para comprar as coisinhas para o jantar.
E depois das bicicletas estava uma mota, uma acelera, mas confesso que pouco convencional, num estilo mais formal, em vez das maravilhosas BWs que os meninos do secundário conduziam
peeeeeeeeeeeeeeeee peeeeeeeee peeeeeeeeeeee peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
"PICA AGORA"
mas quê, qual picar então aquilo nem tinhas mudanças
peeeeeeeeeee peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
e aquela merda ía rua abaixo e enervava-me que eu sei lá, era que de cada vez que pegava na minha mota - uma mota, mota - uma pessoa agradecia a Deus, e primeiro ao tio, que emprestava a dele e depois ao pai, que comprou uma, não ter uma acelera.
E chega-se um personagem ao pé de mim com um amigo, com ombros de quem faz ginásio, com pernas de quem joga à bola e com barriga de quem bebe umas litradas de cerveja ao fim-de-semana e passa a semana de festa à santa da terreola bêbado
- para compensar, né? -
e com cara de espinhas apesar dos vinte e poucos anos, com ar de quem claramente nunca foi a picanços nem fugiu à polícia como o diabo da cruz, olha para a acelera, faz o ar mais entendido que consegue e explica:
- "Esta deve ser daquelas de 50 cilindros"
E às tantas, entre a minha incredulidade perante tal afirmação, a confusão de quem não sabe o que ele quis dizer durante aqueles 5 décimos de segundo que vão do
hã? :S
ao
NÃO!!! :D
eu fecho a boca para não rir, viro costas ao espalhafato, e penso
não é possível
entretanto lacrimejo de êxtase - não é todos os dias que podemos ouvir tiradas destas in loco completamente virgens de precaução perante tamanha personagem - enquanto abano a cabeça ainda sem me recompor
- ele há com cada uma -
e a pensar que Deus nosso senhor, caso seja ele o responsável, não me fez, afinal, assim tãããão mal :D

quarta-feira, 26 de março de 2008

A Pessoa Perfeita - Parte 1 - O Amor

O amor numa pessoa pode ter vários significados.
Pode significar o desejo em fazê-lo, a atracção sexual que tem para com outra pessoa.
Pode significar carinho e fraternidade, fruto duma admiração muito grande por alguém que julgamos merecê-los.
Pode ser um sacrifício feito sem recompensas, como uma mãe que ama o filho e que por isso renega grande parte do seu tempo por ele.
Ou pode ser apenas um amor como o dos mandamentos da Bíblia, que implica um respeito mútuo entre ideias diferentes e maneiras de ser distintas entre as pessoas, sendo que mesmo que não se goste de alguém não se alimenta para com ele nenhuma espécie de sentimento negativo.
Posto isto, o amor é a característica-resumo das restantes que aqui destacarei como aquelas que mais importantes/sumárias/necessárias consigo conceber numa pessoa: o Amor estará sempre intrínseco a todas as restantes e só terá alguma delas quem souber amar de alguma das maneiras descritas acima.
O amor é assim uma capacidade não-inata, mesmo que de vez em quando conheçamos pessoas que foram feitas para amar. Na verdade, e em fase de reflexão sobre as características que reuni, descobri que nunca desfazendo do código genético que nos é imposto, a maneira como lidamos connosco e com os outros - principalmente se agirmos mais do que reagirmos - terá mais a ver com aquilo que queremos ser ao invés daquilo que somos.
O amor implica, nesse sentido, uma adaptação constante, um ter calma na tempestade e rebentar apenas quando tudo serenou. Implica aceitar o que não se pode mudar mas tentar sempre mudar o que se pode de acordo com aquilo que se quer, sempre amando (no sentido de respeitar o próximo).
Amar é moldar-nos não só por nós mas também por alguém, mesmo que para isso tenhamos de reinventar em nós uma maneira de dizer "amo-te" que as outras pessoas entendam - e cada uma delas tem uma maneira diferente de o mostrar e entender.
Amar implica amar a nós mesmos, no sentido de não perder de vista o respeito por nós próprios: abdicar de desejos e tempo, sim, de princípios e de dignidade, não.
É por isso que amar demais mata, já dizia o Freddie Mercury.

terça-feira, 25 de março de 2008

Sobreviver

Margarida
quando vais à fonte
levas em defronte
tão pouco que trazer.

Margarida
Levas a pouca sede
De alguém que teme
Não ter quem ver.

Margarida
Esperas que a bica corra
E que nunca morra,
Para que te apresses.

Margarida
Que não tens nada a perder,
Muito menos o saber
Aquilo que mereces.

beijinho felismina :*

Panelas e Testos

Se cada panela tem o seu testo
quando é que a minha aparece para eu a cobrir?

sábado, 15 de março de 2008

Avião para onde?

"Qual é a porta, Ju?"
Sentámo-nos frente a frente, no topo de cada fila de 5 cadeiras junto da porta, com o ar cansado de quem já vem ha 5 horas em viagens e ainda tem mais 4 pela frente.
E eis que surgem os passageiros, que à medida que chegam vão ocupando as restantes cadeiras até chegar a nós.
E ao nosso lado, um casal de velhinhos frente a frente também, ele mais velho que ela, pouco, desconchavado, de boina, ela senhora de si, com lenços, vestida para ir à cidade de avião.
Coisa linda.
"Pucha-me ach pantalonach pa chima home!!!" diz ela com ar de quem parece muito mal e que está toda a gente a ver, e o velho la ajeita as calças e a braguilha, com ela a judar também pois, que pelo ar ela devia ser fresca devia.
"Bamos pá fila, home?"
E ele que não, que ainda faltava muito, que estava bem sentado, mas com aquele ar de quem eventualmente terá mesmo de ir porque a sua senhora insistia, e para aí à terceira vez ela decidida manda-se
"Olha eu bou pá fila qué pa chermos os primeiros!"
E se por momentos eu pensei "vai sozinha" ela logo me desmente e acrescenta:
"Anda!"
E o velho deixa-a ir à frente, levanta a cabeça ligeiramente sobre a esquerda, para o painel onde estava a hora em que começaria a entrada no avião, e quando suspira solta um
"Oh..."
que foi muito mas muito mais do que isso, foi daqueles que como que dizem

que se lixe, já te aturei uma vida inteira, mais meia hora menos meia hora não me faz diferença

e levantou-se e acompanhou a mulher dele.
E a Ju sorriu, e eu olhei a pista de aterragem nublada com um sorriso de quem admira aquela cena maravilhosa do amor de uma vida ao jeito de duas pessoas tão diferentes e tão admiravelmente iguais, e penso que no painel da porta 7 não era preciso estar
"Porto"
lá escrito, porque eu já sabia para onde ía aquele avião.

Às Carolinas desse mundo


Proposal - A Pessoa Perfeita (Parte 0)

Tenho como objectivo criar uma espécie de posts interligados em partes sobre aquilo que 20 anos de vida (assustadoramente pouca) me ensinaram sobre as pessoas, e fundamentalmente o que aprendi com elas - e que não será necessariamente igual.
Quero reduzir as qualidades de uma pessoa a 4 ou 5 items que sejam facilmente consensuais e abrangentes (e portanto muito dificeis de avaliar).

Para mim o "há qualquer coisa nele que não bate certo" não chega
Tem de se resumir a alguma coisa.
Ou a 4 ou 5.

wish me good luck

E a Rosa é que sabe

"Estou esgotada. Preciso tanto de te tirar do meu coração, da minha cabeça desordenada, da minha alma, do meu corpo. Preciso de silenciar as tuas palavras, de esquecer o teu silêncio. Quero apagar da minha memória o teu rosto, a tua voz, o teu cheiro. Quero libertar-me deste amor que não existe. Preciso de ti longe de mim. Noutra vida. Noutra dimensão. Noutra galáxia. Preciso de me atirar de cabeça deste trapézio instável em que transformaste os meus dias e fazer da nossa história um bloco de gelo que, lentamente, derrete ao sol. Mas fecho os olhos e... ainda te sei de cor."

As palavras são da Rosa, do Sorrisos aos Molhos, que escreve enormemente.
Os sentimentos, esses, são assustadoramente nossos.

Nossos como se tivesse sido eu a escrever.
Obrigado Rosa

sexta-feira, 14 de março de 2008

Saudades

De andar na Brotero.
De me sentar nas escadas ao sol enquanto as miudas de artes passavam, de comer croissants mistos com sumol nos bancos do pátio, das conversas que tive com pessoal, dos momentos já no 12º em que me sentava sozinho a olhar para os campos e a pensar "vou ter saudades disto".
E do primeiro beijo na ex-ex ao pé do balneário, de vinte quilos a menos e das notas boas tiradas sem estudar.
E tenho.

Mas prefiro-me agora de rastos do que naquela altura, de mota, de cabedal, de menino, de bonito, de tudo.
Experiências, e amigos, nunca são demais.
E mesmo assim não sei nada ainda.

Prefiro-me no futuro então.
Venha ele.

Verdade

Já não sei em que filme ou série uma das personagens alegava:
"there's a time and a place for everything"
e fez-me lembrar do "não perdes pela demora".

Leva-la quando tiveres de a levar, porque ela me está atravessada.
Aqui.

Geniais tiradas

Para descrever até que ponto uma miuda era gira, costumo por brincadeira apertar uma das orelhas e dizer "é daqui".
Mais rebuscado é, depois de ir à orelha mais perto da mão, apertar a orelha contraria à mão que se usa, e dizer, "não é daqui, é daqui" e ficar numa posição estranhíssima.
O henrique quis descrever uma rapariga ao que parece genial tipo maria kirilenko portuguesa e terá dito:

"Não tenho orelhas para a descrever"