Quase 10 anos depois disto, não me passou pela cabeça que fosse hoje que veria semelhante proeza alcançada por uma equipa portuguesa na Europa.
Sim, porque se ganhar por muitos é uma proeza, perder por muitos também. Nomeadamente é uma proeza acreditar nos nossos olhos ao vermos um resultado tão expressivo, jogadores profissionais tão atarantados, erros tão crassos e uma atitude derrotista tão amadora.
Há 10 anos atrás, não havia ovos. Portanto as omeletes eram impossíveis de se fazer. Numa equipa onde os seis jogadores mais recuados, à excepção do guarda-redes, eram:
Andrade; Paulo Madeira; Ronaldo; Rojas; Kandaurov; Calado
não estranhamos que levasse 7 fosse de quem fosse, ou onde quer que fosse.
Não façamos comparações: o Porto levou 4 do Arsenal, o Benfica 5 do Olympiakos, o Sporting 5 do Real, 5 do Barcelona, 5 do Bayern e 7 do Bayern. Todos os resultados são péssimos. Mas agora as coisas estão diferentes.
Todos eles agora têm ovos. E só o Porto vai dando ares da sua graça nos últimos tempos, com um colectivo em excelente forma física e um Hulk que ainda ninguém descobriu como parar sem falta (quando este rapaz aprender a jogar em equipa vai ser um caso sério).
Estava eu a ver futebol a sério - onde as equipas, de facto, jogam, e tal - e ía espreitando o triste espectáculo que davam os tugas em Munique, perante uma equipa já apurada, a jogar com suplentes, a perder: primeiro por 4, quando cheguei a casa, depois por 6, quando vi a segunda vez.
Se houver coisa parecida com o céu e com o inferno, eu hei-de ir parar ao segundo. Não me levem a mal: eu poupar-me-ía à vergonha de passar por português amanhã, se pudesse. Ficaria até triste se um clube do meu país não se qualificasse por um golo, e ostentaria a cabeça levantada se as exibições tivessem justificado uma passagem merecida mas malograda por falta de sorte; mas não.
E assim sendo, tendo eles que perder e que me fazer passar uma vergonha, os aspectos clubísticos voltam ao de cima.
Tal como disse, não esperava que fosse hoje; mas quando a sétima bola entrou eu não li
"7-1"
eu li
"tantos quantos levámos em Vigo - 1"
e voltei a ver todas as caras dos felizes sportinguistas, essa estranha gente que grita olés quando leva um baile do adversário, no dia seguinte ao jogo com o Celta, como se fosse de todo impossível que aquilo acontecesse ao clube das suas cores.
Estamos vingados. Infelizmente.
Os foguetes dos salatinos - eles sabem quem são - a cada golo leonino no Sporting-Benfica que acabou 3-2 (resultado escasso, diga-se, para o que se viu) poderiam até dar azo a retaliações na mesma moeda, em dias como o de hoje. Mas não se ouviu vivalma.
Nenhum benfiquista a sério dá demasiada importância às coisas que não suas - mesmo que os foguetes à dúzia (5+7) sejam mais baratos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Estou contigo. Dá vergonha. Mesmo o nosso clube sendo outro.
Enviar um comentário