sábado, 23 de outubro de 2010

(aos que perdi)

Procuro-te
em cada pessoa que encontro

como se te encontrando nela, te buscasse inteiro
e pudesse ter-te de novo sob o meu abraço

Por que te procuro?
por que não deixas que te encontre?

Por que é que, para mim, já só existes disperso no existir de outros?

E quando te encontro
nesse bocado de alguém
sou feliz.

Já não como era
quando o teu sorriso desenhava o meu
Já não como era
quando o mundo era só nosso, para sempre
Já não é como era
quando ainda não te tinha perdido.

Onde estás? Para onde foste? Quem és agora?

Fica comigo, assim mesmo, disperso.
Prefiro a tua existência fragmentada do que admitir que te perdi.

E, buscando-te nos outros, uma vida inteira, talvez um dia te encontre inteiro.
E que então, num dia de sol, saiamos os dois para me procurar,
A mim, que igualmente fiquei dispersa em todos os que olhei para te buscar.

(aos que perdi e que encontro no silêncio)

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