sábado, 23 de outubro de 2010

(aos que perdi)

Procuro-te
em cada pessoa que encontro

como se te encontrando nela, te buscasse inteiro
e pudesse ter-te de novo sob o meu abraço

Por que te procuro?
por que não deixas que te encontre?

Por que é que, para mim, já só existes disperso no existir de outros?

E quando te encontro
nesse bocado de alguém
sou feliz.

Já não como era
quando o teu sorriso desenhava o meu
Já não como era
quando o mundo era só nosso, para sempre
Já não é como era
quando ainda não te tinha perdido.

Onde estás? Para onde foste? Quem és agora?

Fica comigo, assim mesmo, disperso.
Prefiro a tua existência fragmentada do que admitir que te perdi.

E, buscando-te nos outros, uma vida inteira, talvez um dia te encontre inteiro.
E que então, num dia de sol, saiamos os dois para me procurar,
A mim, que igualmente fiquei dispersa em todos os que olhei para te buscar.

(aos que perdi e que encontro no silêncio)

sábado, 9 de outubro de 2010

Mundo Novo

Não sei para onde vou. As horas sucedem-se. Os dias sucedem-se. E eu tenho saudades de quando as horas e os dias vinham devagar, uns a seguir aos outros, numa maré, confortante, de certezas absolutas. Tenho saudades de quem era quando o tempo me permitia ser alguma coisa e não apenas existir. É isso: agora existo. Existo simplesmente.
Estou cansada deste existir. Deste existir vazio. De desilusões. De pessoas. De tudo.
Estou cansada deste caminho. Deste caminho que não sei onde me leva. Deste caminho que comecei a trilhar não sei bem porquê. Apenas porque nasci, apenas porque os dias se sucedem, quer eu queira, quer não, cada vez mais rápido. Cada vez... mais rápido. Rá-pi-do!

Não, não quero tudo o que é efémero e não me contenta.
Quero o mundo, o mundo todo.

Apetecia-me parar.
PARAR.

Apetecia-me deixar de existir. Para, finalmente, começar a viver.

(apetecia-me inventar um mundo novo)