terça-feira, 10 de março de 2009

10 anos depois

Quase 10 anos depois disto, não me passou pela cabeça que fosse hoje que veria semelhante proeza alcançada por uma equipa portuguesa na Europa.
Sim, porque se ganhar por muitos é uma proeza, perder por muitos também. Nomeadamente é uma proeza acreditar nos nossos olhos ao vermos um resultado tão expressivo, jogadores profissionais tão atarantados, erros tão crassos e uma atitude derrotista tão amadora.
Há 10 anos atrás, não havia ovos. Portanto as omeletes eram impossíveis de se fazer. Numa equipa onde os seis jogadores mais recuados, à excepção do guarda-redes, eram:
Andrade; Paulo Madeira; Ronaldo; Rojas; Kandaurov; Calado
não estranhamos que levasse 7 fosse de quem fosse, ou onde quer que fosse.
Não façamos comparações: o Porto levou 4 do Arsenal, o Benfica 5 do Olympiakos, o Sporting 5 do Real, 5 do Barcelona, 5 do Bayern e 7 do Bayern. Todos os resultados são péssimos. Mas agora as coisas estão diferentes.
Todos eles agora têm ovos. E só o Porto vai dando ares da sua graça nos últimos tempos, com um colectivo em excelente forma física e um Hulk que ainda ninguém descobriu como parar sem falta (quando este rapaz aprender a jogar em equipa vai ser um caso sério).
Estava eu a ver futebol a sério - onde as equipas, de facto, jogam, e tal - e ía espreitando o triste espectáculo que davam os tugas em Munique, perante uma equipa já apurada, a jogar com suplentes, a perder: primeiro por 4, quando cheguei a casa, depois por 6, quando vi a segunda vez.
Se houver coisa parecida com o céu e com o inferno, eu hei-de ir parar ao segundo. Não me levem a mal: eu poupar-me-ía à vergonha de passar por português amanhã, se pudesse. Ficaria até triste se um clube do meu país não se qualificasse por um golo, e ostentaria a cabeça levantada se as exibições tivessem justificado uma passagem merecida mas malograda por falta de sorte; mas não.
E assim sendo, tendo eles que perder e que me fazer passar uma vergonha, os aspectos clubísticos voltam ao de cima.
Tal como disse, não esperava que fosse hoje; mas quando a sétima bola entrou eu não li
"7-1"
eu li
"tantos quantos levámos em Vigo - 1"
e voltei a ver todas as caras dos felizes sportinguistas, essa estranha gente que grita olés quando leva um baile do adversário, no dia seguinte ao jogo com o Celta, como se fosse de todo impossível que aquilo acontecesse ao clube das suas cores.
Estamos vingados. Infelizmente.
Os foguetes dos salatinos - eles sabem quem são - a cada golo leonino no Sporting-Benfica que acabou 3-2 (resultado escasso, diga-se, para o que se viu) poderiam até dar azo a retaliações na mesma moeda, em dias como o de hoje. Mas não se ouviu vivalma.
Nenhum benfiquista a sério dá demasiada importância às coisas que não suas - mesmo que os foguetes à dúzia (5+7) sejam mais baratos.

1 comentário:

Rosa disse...

Estou contigo. Dá vergonha. Mesmo o nosso clube sendo outro.