sábado, 6 de outubro de 2007

Staring at the Sun

Espreitava o sol, agora, por cima do ombro.
De costas para onde este se punha, no mar.
Queria guardar para sempre aquele assombro
Recordar doce imagem, os raios a bailar,
O quente com que inundava o seu mundo.

Mas a noite viria porque o vento já vindo
A trazia, a carregava e a ía descobrindo.
E ela de costas para o sol que se pusera
Interrogava-se: de quem aquele sol – de quem era?
Seria seu ou de qualquer ser vagabundo?

Ignorando as filosofias, atentava no claro:
A toalha não chegava para lhe afagar o corpo.
E depois do que disfrutara daquele momento raro
Tinha frio, estava cansada, seu espírito jazia morto.

Virou-se em frente, arrancou. Peito aberto…
E que peito, que de novo se enchia!
Noite já, fez-se à estrada.
Era mais que certo não saber por onde ia.
Não saber, estava convencida, já quase nada.

Ou saberia?

Iluminação nocturna com lâmpadas e faróis,
Um casaco de malha quente, o cabelo aos caracóis,
Arranca sem deixar rasto, sem querer para seu esposo
Aquele sol que a deleitara de tão quente e luminoso.
Vai sozinha, acompanhada, vai com quem entrar ao lado
Que o carro é comercial e conversar demais é pecado.

Pede palavras, pede conselhos, ouve atenta o passageiro
Que nada quer em troca, nem fortuna, nem dinheiro.
Só quer que ela o ouça e ao seu alegre fado:
“Que as horas passariam e mesmo que chovesse
Ele dali não sairia sem que a aurora aparecesse
E naquela manhã de Verão, agradecendo sua boleia,
Ela deixasse de ver na noite aquela figura tão feia”

Aconteceu

Porque o sol nascera já e desta vez não vinha vento,
Da praia apenas restava um longínquo pensamento.

1 comentário:

Anónimo disse...

perfeito!
afinal, sempre es um poeta mediano, vá!;)

beijinho, Mafalda