quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Bom Dia, Amor

Sobre o lado esquerdo do teu corpo um formigueiro que vem desde o ombro: debaixo do pescoço dela o teu braço, debaixo da perna dela a tua, um pesar de quem não quer acordar daquele quentinho
(e que quentinho)
de corpo e de espírito.
Abres metade de um olho, mas não precisas. Podes cheirar-lhe o cabelo da mesma almofada, mudar o teu braço de sítio de olhos fechados para algures que sabes familiar, porque já a conheces
(e é tua)
abraçá-la para ti, perceber que o dia lá fora desponta mas que tu não queres segui-lo, ouvir os carros a passar e pensares "que brutal!", tomares o peito que é dela
(e é teu)
(que brutal!)
e senti-la respirar, sentires-te mais homem porque ela, que é dela
(e é tua)
também é tua, e porque tu
(que és teu)
também és dela.
Ouvir de vez em quando um trovão ou outro, aperceberes-te de que está a chover
(que brutal!)
e vê-la virar-se
(tanto te chegaste a ela, que é que querias?)
estremunhada, com a cara que vês sempre pela primeira vez mesmo a tenhas visto antes, e com metade de um só olho, também ela de mansinho para ti, como que a dizer
- Bom dia, amor
a dar-te a boca que é dela
(e é tua)
e que beijas com a mesma lentidão com que queres que passe o tempo naquele lugar.
Demoras na cintura dela, elegante por ser dela
(e não tua)
e no entanto tua
(e não dela)
tua!, tanto a agarraste para ti antes de adormecerem.
Sentes-te embalado pelo calor da respiração dela, e já de olhos bem fechados te deixas levar no melhor começo de dia que conseguias alguma vez imaginar.
Adormeceste um menino e acordaste um homem, um homem que és tu
(e que é dela)
numa vida que é dela
(e é tua).

Numa vida que é VOSSA.

3 comentários:

Helena Resende disse...

Que brutal!!!!:P

R. disse...

do meu jeito ;)

Ana disse...

:) Gostei de ver o meu link aí;)
Parabéns pelo teu blogue, só é pena seres benfiquista! :):):)