quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Neste seguimento...

Já várias vezes tinha pensado pegar neste assunto, mas nunca o tinha feito aqui, que me lembre. (Ainda estou para perceber se já repeti ou não assuntos, mas prefiro pensar que uma revisitação trará sempre algo de novo, se for esse o caso).

Eu amo McDonald's, mas se comesse 4 refeições por dia durante meses seguidos morria "afogado" em gordura;
Eu amo cerveja, e o raciocínio é o mesmo, mas desta vez ficava cirrótico;
Há quem ame cortar-se, mutilar-se, há quem se faça passar por sofrimento (nem que seja para pagar promessas).
Há quem ame fumar e quem prometa a si mesmo deixar de fumar um dia, estando perfeitamente ciente de que se vai começar "amanhã", e sempre "amanhã".
Em todos os casos amamos coisas que nos fazem mal: todos temos aquele amigo (ou deverei dizer amiga?) que até consegue deixar de fumar mas que mais tarde ou mais cedo volta aos cigarros, porque ele ama cigarros, não temos? Ou o que por muito que tente não consegue deixar de comer porcarias o dia todo porque ama comer porcarias.
Não temos?
E todos conhecemos pessoas (e que atire a primeira pedra quem nunca teve vícios!) que acabam e recomeçam e acabam e recomeçam e acabam e recomeçam e que adoram quando recomeçam porque amam a pessoa que amam.

"Ai, oh Carlos, deixa-te de merdices, porque estás a comparar o incomparável e tal..."
Estarei?
A minha mãezinha diz "isso nem é amor, é doença!"; Um mau amor é um vício, tão difícil de ultrapassar como outros, ao qual tentamos resistir como aos outros, e no qual arranjamos as mais esfarrapadas esperanças para nos enganarmos a nós próprios. Como nos outros vícios.
"Desta vez vai ser diferente, ele mudou!", "é só um cigarro, eu juro", "eu? vou só jogar 10 euros", "opa uma vez de vez em quando não faz de ti nada", "eu juro que é só uma bolinha de berlim!".
O amor é cego, e surdo, e estúpido - e em última análise não temos culpa do que - ou de quem - gostamos; mas mais uma vez, continuar ou não está nas nossas mãos.
E não há vício nenhum que seja mais forte do que nós (nenhum, nenhum, nenhum).
Nem esse.

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