segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O que sou eu

Estava na praia da Oura, numa das muitas férias que passei no Algarve. Naquele dia em especial, estava lá porque estava com um amigo, porque o pai desse amigo tinha comprado uma semana de férias num dos condomínios uns anos antes. O pai dele comprou-a porque lha ofereceram, já não me lembro bem em que contexto, mas que também teve a ver com amigos dele.
Estava lá naquela semana porque era aquela semana que ele tinha comprado, e não outra.
Estávamos juntos porque, de todos os sítios que tínhamos para nascer no mundo, nascemos a 500 metros um do outro.
Nascermos a tão pouca distância também não é coincidência. Aconteceu porque o pai do pai do meu amigo decidiu vir morar para a nossa santa localidade, trazendo os seus filhos e esposa. E porque o meu pai e mãe, nascidos e criados a 100 metros um do outro, também juntaram trapos contra aquilo que cada um deles tinha imaginado até se dar o "clique" em que tudo muda.
Podia divagar aqui nas razões que levaram o meu pai e a minha mãe a nascer aqui, a serem amigos, no conjunto de acontecimentos que os levaram a olhar um para o outro com "outros olhos" a partir de certa altura, eles que sempre tinham sido apenas amigos. Mas teria de falar também nos meus avós, bisavós, trisavós, de todas as pessoas e acontecimentos nas suas vidas e que, tendo em conta o timing e as consequências, levaram a que tudo tivesse acabado por acontecer da maneira que aconteceu.
Todas as pessoas são o resultado daquilo com que nasceram acumulado com as experiências que tiveram, as que escolheram e as que não escolheram, e todas essas experiências, tudo o que lhes acontece, vêem, ouvem, sentem resulta da conjunção de milhões de acontecimentos passados que, duma maneira única proporcionaram a que tudo acontecesse... assim.
De facto, se eu fosse uma pessoa exaustiva teria de estudar não só toda a minha àrvore genealógica mas também a do meu amigo. E acabaria, caso tenham existido, no Adão e na Eva.
Pensem comigo, se a Eva não tivesse trincado a maçã, e tivessem por isso sido expulsos do paraíso, não teriam procriado, os meus trisavós não teriam criado os meus bisavós, que por sua vez não teriam criado os meus avós e consequentemente os meus pais não estariam sequer cá para me criar a mim.
Portanto a culpa de estarem a ler este texto neste preciso momento é também da puta da Eva, que tinha tanto fruto para comer no paraíso e decidiu que tinha de comer precisamente aquele que era proibido. Dela, e da história da Humanidade, que assim como me gerou a mim tal e qual como sou gerou-vos a vós tal e qual como são, ao senhor que descobriu a electricidade, ao senhor que inventou o computador, ao senhor que inventou a internet e ao senhor que inventou os blogues. Estou certo de nesta altura já ter passado a minha mensagem: um pequeníssimo pormenor diferente na história de qualquer pessoa que tenha pisado o planeta Terra mudaria para sempre a sua história, e quiçá não permitiria que vos escrevesse, e que me portanto me lessem, hoje.
É o chamado "efeito borboleta".
Mesmo quando temos hipótese de escolha, as nossas escolhas são condicionadas: eu escolho para onde saio à noite, mas não posso ir sair a Bruxelas, porque não tenho meio de lá chegar sem mais nem menos: vou a Coimbra porque nasci aqui perto, e nasci aqui perto por tudo o que já expliquei. Mesmo admitindo que Coimbra é a única opção, vou a um bar porque alguém o decidiu abrir, porque antes disso alguém tinha decidido construir um edifício ali, etc, etc, etc...
Isto passa-se para todas - todas - as situações com que nos deparamos. Da mesma maneira que Eva mudou o mundo quando trincou a maçã, o meu pai mudou o mundo quando pediu a minha mãe em casamento, todas as pessoas são capazes de mudar o mundo por todas as escolhas que façam, sendo que o mudam também quando não as fazem.
E naquele dia, na praia da Oura, em que a vida me proporcionou que eu a visse, linda como nunca tinha visto igual, de biquini preto e calças pretas e aquele corpo de pasmar, eu sabia que tinha uma escolha que podia fazer porque tudo se tinha conjugado para que, em última análise, ela se tornasse naquilo em que se tornou: a única mulher a poder dizer que me teve antes de todas as outras.
Basicamente, esta teoria determinista, que consegue explicar como o passado evoluiu para o presente conseguiria determinar o futuro, caso houvesse possibilidade de envolver nessa equação todas as experiências de todas as pessoas do mundo. Felizmente, isso é impossível. Muito embora não se consiga adivinhar o futuro - há uma série de ciências ocultas que me desdizem, atenção - eu sei que, em cada coisa que faça ou que deixe de fazer, eu estou a moldar, de acordo com o quanto a vida mo permita, o meu futuro, e o futuro da Humanidade.
E o mesmo vale para vocês.
Portanto não sejam como a Eva, que não sabia o que fazia: assumam essa responsabilidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dp d um dia d work este post deixou.me confusa lol apesar disso parece.me que td o que querias dizer s pd resumir na ultima frase ;) tenho passado por aqui mas hoj deixo marca hehe beijinhos puto*