quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Os contos de fadas

Como quase todos os dias faço antes de deitar, dou uma volta pelos "meus" admirados. Ao ler este post da Rosa, lembrei-me não só de quem me roubou o meu conto de fadas mas também do como... e não achei isso o mais importante.
Este blogue nasceu 3 meses e pouco antes desse acto pérfido, perpetrado num 21 de Janeiro em que não se celebra nada mas que está aqui guardado, não porque demasiado importante, mas porque impossível de se esquecer. Mais do que nesse dia, está inscrito nele ao longo dos mais variados meses seguintes, quer na forma de ausência de posts, de posts de ausência, de revolta, saudade, incompreensão, e mais tarde resignação, remodelação e crescimento.
O mais importante foram sim as marcas que resultaram desse processo. Hoje, no lugar onde deveria ver virtudes eu vejo defeitos; a magia e a admiração pel' "a tal" foi substituída pela teoria muito afamada da abertura em leque, segundo a qual não só há mais do que uma mulher capaz de nos seduzir ao ponto de nos "apanhar" como também - e aqui é que está a questão - podemos ser capazes de estar perfeitamente receptivos a ser "apanhados" por mais do que uma até ao momento final, em que, presa inocente nos dentes de tão feroz animal, nos deixamos arrastar para o seu ninho de amor, onde presumivelmente nos vai comer. Metafórica e literalmente, para nosso bem.
Só aí - e por tempo indeterminado, porque já não há nada que dure para sempre, como antes do roubo - é que estamos com alguém. Reparem, não somos com alguém: estamos. E a essa pessoa, à pessoa a que antes do roubo se dizia aquilo que se pensava, sem limites - porque afinal, a falar é que nos entendemos e conhecemos - hoje conta-se apenas aquilo que ela precisa de saber. Já não se-lhe diz que existem outras miudas com o rabo bom, muito embora nunca nos tenha passado pela cabeça deixar de ter o dela. Metafórica e literalmente, para bem dos dois.
Hoje, findo o conto de fadas, esperamos pelo fim das coisas em vez de lhes aproveitarmos o meio. Protegemo-nos porque arriscar, a maior parte das vezes, não compensa. Hoje admiramos quem é louco o suficiente para pedir a namorada em casamento a meio de um concerto, porque isso só pode ser para gente que vive num conto de fadas, esquecendo-nos que já houve tempos em que estaríamos dispostos a fazer exactamente aquilo ou qualquer outra coisa que fosse para o vermos tornar-se realidade.
Há quem chame crescer, há quem diga que é a maturação. O mundo não é como nos contos de fadas, e ser adulto é ter noção disso. Resta-nos a esperança que haja cantinhos do mundo com pessoas dentro, onde, nem que seja por breves instantes, podemos construir histórias que - não podendo nunca mais ser um conto de fadas - sejam bonitas ao ponto de nos lembrar um.
Mas até lá, infelizmente, sou obrigado a deixar-vos com uma sábia frase de um amigo, que de tão exagerada é mentira, mas que, ainda assim, reflecte a maneira como os homens que já tiveram essa experiência sentem o sexo oposto:

"Há dois tipos de mulheres: as putas, e as que voam.
E eu nunca conheci nenhuma que voasse."

1 comentário:

Tiago Queiroz disse...

É defesa? É raiva? É fúria? É saudade? É sinal de maturidade? É rancor?

Acho que é sobretudo consciência de que tal como tu dizes o amor não é um conto de fadas definitivamente!! De que a relação a dois de antigamente é cada vez mais rara. Cada vez mais pensamos mais em nós. Somos mais e mais egoístas. E se não o formos o risco é maior, o risco de um dia poder vir a sofrer, a sentir que pode ter sido tempo perdido.

Sobre o amor, a relação a dois, a paixao falava aqui até mais não... Prefiro ir para os copos agora !!! =))