quinta-feira, 16 de julho de 2009

"No teu deserto", de Miguel Sousa Tavares

Lê-se de um trago.
Diferente da narrativa descritiva e sustentada em factos históricos que li nos dois livros anteriores dele, esta foi íntima, foi de uma crueza telegráfica, quase como quem se deixa cair numa cama impotente para alterar o que é já inalterável.
É uma lição de que a vida é curta, o tempo é relativo, e de que são as dificuldades que fazem as pessoas - em si - e que as fazem juntar-se também, nesse "ultrapassar em conjunto" que nunca se descreve convenientemente, apenas se vive.
É a prova de que nada há mais charmoso num homem que o assumir de cara levantada os seus defeitos, e também o que faz para os compensar. E o quanto é capaz de gostar de alguém.

Se Equador me deixou a pensar que nada na vida justificava acabar com ela, este livro, num plano mais profundo, deixa a sensação de que nada na vida devia ser justificação para não procurarmos a felicidade, quando sabemos onde ela está.

1 comentário:

andreia disse...

A tua crítica deixou-me com curiosidade e acho que vou aceitar a sugestão.
Mais uma vez tens feito aqui um bom trabalho. :)
Andreia Roque