quinta-feira, 23 de julho de 2009

Padrões

Estava a ver uma notícia de um aluno que tinha passado com 9 negativas porque coitadinho ah e tal que nasceu em mau ninho e tem problemas.
Lembro-me, no meu 8º ano, que uma colega minha, que eu vi nas primeiras duas semanas e que julguei que era só gorda, passou ao abrigo do decreto-lei XPTO: estava grávida.
Se no primeiro caso não conheço pormenores, no segundo estou mais próximo; nada se soube dela o ano inteiro, nem mesmo os professores davam importância à sua ausência, a partir de certo ponto. Toda a gente parecia ter aquela atitude bem portuguesa de quem encolhe os ombros e pensa "enfim, é a vida".
Ninguém com 9 negativas devia passar, nem nenhuma rapariga ninguém devia passar porque levou-no-pito-coitadinha. Até porque estão a prejudicá-los: presume-se que quem passa de ano sabe a matéria, logo, vai dar-se matéria mais complicada para o ano. Presume-se que os professores não vão ter que dar aulas ao ritmo de quem passou ao abrigo de decretos lei dos quais os outros alunos não têm culpa nenhuma.
Não se admite que no ensino público se julgue estar a beneficiar alguém por passar de ano IMERECIDAMENTE. Essas pessoas, não interessa que motivos tenham para ter tido maus resultados - ou não ter tido resultados de todo - não devem saltar etapas no conhecimento, deixá-lo mal sedimentado e ridicularizá-lo ao ponto de para ser conseguirem mais exames positivos que negativos de matemática no país se fazem perguntas de "quanto é dois mais dois", ou coisa que o valha. Não será assim, mas quase.
E os professores, tão compreensivos, tão ternos, tão queridos, que passaram o menino.
De facto, não é como a minha mãe diz, que "eu tenho padrões muito altos". Eu vivo é rodeado de gente que tem padrões tão baixos que me assustam - e se assustam com os meus.

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