sábado, 1 de novembro de 2008

O Professor Jesualdo

Nunca gostei dele.
Chamem-me o que quiserem, mas eu sou de ideias fixas... até me demonstrarem o contrário. E neste caso, não só não me demonstram o contrário - porque não conseguem - como só me dão mais razão.
Quando estava no Benfica era adjunto de Toni. As coisas correram mal e o Toni percebeu que o trabalho realizado não estava a corresponder - despediu-se. O Jesualdo foi? Não!
Ficou, a orientar a equipa com o fulgor habitual: "estamos a ganhar? ah... estamos a perder? ah..." e ficava pregado no banco a fumar o seu cigarro - já agora, um belo exemplo.
Ficou e tinha uma cunha tão grande que quando para lá foi o Mourinho quiseram impingir-lho como adjunto - acabou por ser o Mozer, lembram-se? - mas esse facto viria a trazer divergências irreconciliáveis com Manuel Vilarinho.
Foi para o Braga onde fez um "bom" trabalho, reconhecido pela crítica. Terá sido? Com uma equipa cheia de talento - quem aparte os 3 grandes tinha os melhores plantéis da liga? - e, à vez, melhor que Sporting e Benfica, dependendo dos anos, o Braga ficava -se pelo que se lhe era esperado, e raramente melhor.
Lembro-me depois do que diziam os adeptos do Boavista: "um senhor como o Jesualdo, ir agora, a meio da pré-época para o Porto? Ai, não acredito que ele faça isso!"
Pois não (assobio irónico).
Foi, e foi campeão no Porto. Comentários, Jesualdo?
"Até eu consigo ser campeão pelo FCPorto!". E eu a pensar "eh lá, queres ver que deu ao homem um assomo de humildade e de verdade?" Mal deu tempo para pensar em algo mais - na tradição de lhe atirarem o gelo para cima, como na NFL - ele reage com um chorrilho de asneiras dignas de serem ditas para a dúzia de microfones em directo à frente dele.
Jesualdo evoluiu na sua postura: agora fuma menos, e não aquece tanto o banco - cá para mim, quer dar a ideia de que está a ler melhor o jogo assim. Pura mentira.
Contra o Dínamo a equipa precisava de jogo nos flancos. O que faz ele? Tira o Rodríguez e o Mariano e põe um avançado e um médio centro... a jogar a extremos. Nem sei como não pôs o Candeias (mas isto sou eu a ser mauzinho).
Antes disso, em Londres, contra o Arsenal, o Jesualdo, fruto do seu grande talento de prospecção de mercado, entra em campo com as mais recentes estrelas da constelação FCP; repare-se, vai jogar em Londres contra o Arsenal:
muda o esquema? não, que isso é para meninos; e depois, dos 7 jogadores mais recuados da equipa 5 deles eram estes: Helton, Sapunaru, Benítez, Rolando e Fernando.
Estou a imaginar a cara do Bruno Alves e do Meireles a perguntarem-se: "que mal fiz eu para merecer isto?"
Levaram 4, podiam ter sido 7 (teria sido um dos dias mais felizes da minha vida) ou 8 ou 9. Mas o que vem o professor dizer após o baile de bola? "Se tivéssemos marcado primeiro o jogo teria sido completamente diferente!"
Caro professor, se a minha avó tivesse rodas era uma camioneta da carreira. Mas não tem. Percebeu?
Esta semana abre o livro. Se pensávamos que o Porto não ganhava porque o treinador era péssimo, estamos redondamente enganados - são os postes!
Ah, esses camandros que se desviam mesmo mesmo quando o pessoal vai a rematar! Afinal é isso... ou não?
Hoje perdeu com a Naval fora: 3ª derrota consecutiva, para gáudio na assistência cá em casa. Mais uma vez abre o livro: "podíamos ter marcado primeiro"
- ...oh Jesualdo porra, já disseste isso da outra vez -
"e fomos infelizes na finalização porque tivemos imensas oportunidades de golo para marcar".
Confesso que o homem me confunde. Tiveram? Eu a rever mentalmente o jogo - foram assim tantas? - e ele atira "e depois sofremos mais um daqueles golos esquisitos como temos vindo a sofrer..."
Como?
Golo esquisito?
O homem finta o seu defesa direito, entra pela área, atira colocadíssimo entre o poste e o Guarda-Redes e festeja. Estranhíssimo é o seu defesa ter parecido uma bailarina; estranhíssimo (se bem que legítimo) é que o Nuno se tenha saído antes da bola partir; estranhíssima é essa sua conversa de que o golo foi estranho - e não há mais nada de estranho aqui.
A não ser o facto de você ainda treinar equipas de futebol.
Mas não me interpretem mal! Deus nosso senhor o conserve à frente do comando técnico do Porto por muito, muito, muito tempo.
Bom trabalho, professor, como de costume, é o que se quer.

1 comentário:

Anónimo disse...

estes teus comentários futebolísticos são uma moca! Extremistas, claro (mas também vindos de ti, já é hábito... e então qd é pa dizer mal... ^^ :P ), mas ainda assim uma moca :D