terça-feira, 24 de novembro de 2009

150 euro(s)

Vou tentar contar isto com o máximo de idoneidade possível.
Um cidadão de origem africana entra nas instalações de uma agência bancária movimentada. Parece estranho, como se tivesse caído de pára-quedas: há pouco tempo em Portugal? Sinistro por natureza? Impossível saber.
Espera a sua vez alheado do mundo. O olhar é sempre vazio, como que distante, pensativo, se bem que não um pensativo compenetrado: o assunto devia ser algo entre o dia antes de anteontem e a morte da bezerra, mais coisas menos coisa.
E eis que surgida a sua vez se chega perto do balcão e, sempre reticente, diz:
"Boa tarde. São cento e cinquenta euro" [reparem como o rigor da narrativa me obriga a omitir o "s" no final da palavra euros].
O caixa levanta os olhos do monitor, franze ligeiramente o sobrolho numa fracção de segundo, para depois perguntar:
- Mas quer depositar, ou levantar?
"Quero emprestados."

1 comentário:

saltos altos disse...

caramba...diz-me, a que bancos vais? isso foi na caixa geral de depósitos? podia efectivamente ser.
Aliás a pergunta certa é em que sitios páras. Porque eu também quero ir a esses sitios. E também quer ir para a terra apanhar batatas (sei que não é altura). Tu dizes-me os teus sitios, e eu digo-te os meus. Nesses locais só podem acontecer percalços